O juiz Faccini Neto, que estará a frente no julgamento do caso Kiss a partir do dia 1º de dezembro, negou o pedido da defesa de Luciano Bonilha para utilizar artefatos pirotécnicos durante o julgamento. A intenção da defesa era demonstrar, na área externa do Foro Central I, o funcionamento de um sinalizador.
Alegando questões de segurança, o Núcleo de Inteligência do Judiciário (NIJ/TJRS) já havia se manifestado contrário à reprodução e o pleito para que fosse realizado no plenário já havia sido negado por Neto, que afirmou que o local não era apropriado para esse tipo de evento. O NIJ destacou ainda que a área externa do Foro também não seria adequada, uma vez que há um canteiro de obras e estacionamento.
Em sua decisão, o juiz acompanhou o parecer do Núcleo e afirmou que não considerava a prova necessária. "Máxime num caso com as singularidades do presente, arriscar, por mínimo que seja, a segurança dos jurados, das partes ou dos demais intervenientes, mostra-se incompatível com qualquer visão que se possa adotar acerca da plenitude de defesa", considerou.
Além disso, o magistrado ressaltou que as reconstituições de fatos havidos como crimes são usuais na fase de investigação, mediadas pela autoridade policial. "A pretensão de realizar algo similar no momento derradeiro do processo esbarraria na própria dimensão temporal da medida", concluiu Faccini.
Acusação
De acordo com a acusação, o produtor musical da Banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha, teria sido o responsável pela compra e acionamento do material durante o show que realizavam no palco da Boate Kiss, em janeiro de 2013. As centelhas atingiram a espuma que revestia o teto, que pegou fogo. O incêndio causou a morte de 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos.